Andando

Ando pelo caminho, perdido!
Sei que ando, sei o caminho
Sei tudo, cada pedacinho…
Mas perco tudo; Aturdido!

Ando quiçá sem rumo, Alice.
Quiçá sem desejo, sem paixão!
Ando só, fixado na imensidão
do tempo de ardor e ledice.

Ando cá, borocoxô, distraído,
pensando e chorando e andando…
pra onde? Não sei! Estou caído

no céu, e colhendo e regando…
protuberância de cada sentido
que as dores hão derramando!

Ela

“Ela pinta nos meus olhos quadros jamais imaginados pelos homens”!

Quem mais poderia ousar?
Quem? Nas fulguras: Ela.
Ela que cintila na estrela
mais cadente, num pulsar.

Ela que desbota em mim,
descolore os olhos meus,
torna meus dogmas ateus,
e minha raiz um jasmim.

Ela que não é passado,
nem agosto, nem abril,
nem é céu, nem cerrado…

Só ela! Que não é febril,
nem melancolia, nem fado.
Que chegou e me repartiu.