Diga vazio! Diga.
Teu silêncio é adaga
que perfura meu
Desvario! Diga:
desventuras,
desgraças, amarguras…
Diga! Exijo
que leve minha paz.
Leve minha razão,
meu perdão!
Diga, vazio!
peço-te, não diga
não!
Não desbote a dor
sonolenta da minha
solidão!
Amanhã
Através da janela, o céu nublado. O horizonte escondido. Atrás, pessoas choram. Acima, riem com os olhos e ouvidos tapados. Ouço o relógio! Não tardará a meia-noite! O cheiro de champanhe e animais mortos me enoja. Acima, continuam rindo e regozijando de paisagens e janelas falsas pintadas nas paredes com sangue e vísceras. Através da janela, ao longe, a festa final parece chegar com a caravana da despedida! Amanhã, bem cedinho, ninguém vai estar acordado!
Pólvora branca
Elas corriam,
riam…
O céu brilhava,
e elas corriam
e riam.
O céu cintilava,
e elas brincavam
e riam.
O céu caía,
queimava
e elas corriam.
O céu matava,
destruía
e elas corriam!
O céu aniquilava,
matava, matava!
Som
Tudo soa lindo,
quando o som
das bombas cessam!
Tudo soa lindo,
quando o som
das bombas cessam!
Tudo soa lindo,
quando o som
das vozes ecoam!
Tudo soa lindo,
quando o som
da morte acaba!
Nuvens
Já não te vejo.
O tempo passou
/e te levou.
Não ouço tua voz,
nem falo teu nome.
Até ontem éramos
!inseparáveis!
Hoje,
estamos nublados.