Vazio

Diga vazio! Diga.
Teu silêncio é adaga
que perfura meu
Desvario! Diga:
desventuras,
desgraças, amarguras…
Diga! Exijo
que leve minha paz.
Leve minha razão,
meu perdão!
Diga, vazio!
peço-te, não diga
não!
Não desbote a dor
sonolenta da minha
solidão!

Amanhã

Através da janela, o céu nublado. O horizonte escondido. Atrás, pessoas choram. Acima, riem com os olhos e ouvidos tapados. Ouço o relógio! Não tardará a meia-noite! O cheiro de champanhe e animais mortos me enoja. Acima, continuam rindo e regozijando de paisagens e janelas falsas pintadas nas paredes com sangue e vísceras. Através da janela, ao longe, a festa final parece chegar com a caravana da despedida! Amanhã, bem cedinho, ninguém vai estar acordado!